"O que mais me intriga e dói na nossa morte, como vemos na dos outros, é que nada se perturba com ela na vida normal do mundo.
Mesmo que sejas uma personagem histórica, tudo entra de novo na rotina como se nem tivesses existido. O que mais podem fazer-te é tomar nota do acontecimento e recomeçar.
Quando morre um teu amigo ou conhecido, a vida continua natural como se quem existisse para morrer fosses só tu. Porque tudo converge para ti, em quem tudo existe, e assim te inquieta a certeza de que o universo morrerá contigo. Mas não morre.
Repara no que acontece com a morte dos outros e ficas a saber que o universo se está nas tintas para que morras ou não.
E isso é que é incompreensível - morrer tudo com a tua morte e tudo ficar perfeitamente na mesma. Tudo isto tem significado para o teu presente. Mas recua duzentos anos e verás que nada disto tem já significado."
Numa amálgama de pessoas comuns, de coisas que se sentem e se querem. Numa fúria e emoção que contorce as visceras e se deixa levar por só mais um pouquinho deste lugar bonito que é a vida, as personagens rendem-se a pequenas evidências, coisas subtis que fazem de nós Gente com Gente Dentro. É um ponto num emaranhado de contos que contam, sem pretensões ou julgamentos, a matéria que tece a realidade, numas vezes crua, dura e amarga, noutras inocente, cuidada, emotiva.
Grande verdade!
ResponderEliminarO mundo não pára para ningúem e não parará por nós.
Abraços
Leila