Maria, dos olhos laços, dos cabelos longos, do passo a compasso, das danças da madrugada.
Respira o mundo e condensa-o em outro mundo, transforma paisagens decadentes em realidades paralelas de magia e exclusiva ternura.
Caminha leve e esconde na algibeira uma flor e aquilo que de mais tem por o saber valioso.
Maria que sabe que existem pessoas que merecem a exaltação, a turbulência, o medo, o desassossego, mas que as há mais importantes que tudo isso, as que merecem o seu silêncio gritante de que enche momentos de suplicas por o saberem reconhecer.
De hábitos antigos compreende almas antigas, tem olho clínico para os mais graves e inquietos tumultos de quem guarda no coração, sofre da doença do com pouco se contentar, do querer o mundo onde só lhe oferecem uma rua estreita, de exigir a maior consideração e amizade por não saber como dar menos que isso.
Maria das paixões exacerbadas e do batimento acelerado. Maria de tristezas alegres no fundo do olhar. Maria dos nenúfares, dos coelhos atrasados, do sorriso meigo.
Maria-confidente. Maria-amiga. Maria-metade. Maria-irmã.
Quando o rugido se virar de encontro à sua palma saberá encontrar dureza doce para ripostar. Quando o vento lhe segredar histórias de antepassados, saberá rir-se dele, com ele, e contar-lhas, tantas outras, de volta. Quando faltar uma palavra saberá que um abraço por vezes é o bastante. Quando as lágrimas caírem não estenderá um lenço, dará os ombros e saberá secá-las com a sua própria roupa.
Quando o coração doer vai espetar o dedo na ferida. Quando tudo ameaçar um fim, reinventará um novo inicio. Quando a magoarem saberá, por fim, dizer basta, e sem mágoa, desejar um outro mundo inteiro, um outro mundo novo, de felicidade, saúde e amor.
Maria-confidente. Maria-amiga. Maria-metade. Maria-irmã.
Maria sorridente sempre, para sempre, presente.
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