Numa amálgama de pessoas comuns, de coisas que se sentem e se querem. Numa fúria e emoção que contorce as visceras e se deixa levar por só mais um pouquinho deste lugar bonito que é a vida, as personagens rendem-se a pequenas evidências, coisas subtis que fazem de nós Gente com Gente Dentro. É um ponto num emaranhado de contos que contam, sem pretensões ou julgamentos, a matéria que tece a realidade, numas vezes crua, dura e amarga, noutras inocente, cuidada, emotiva.
22 junho 2011
Tempo Parado
Hoje tive a certeza de que não é neste mundo que quero viver.
Atravessei muitas estradas, comprei cigarros e bebi café.
Comi bolo de chocolate e passei os olhos, demoradamente, nos transeuntes da rua.
Liguei a televisão e só vi desgraças, gente deprimida e a solidão jorrou por todos os lados do ecrã. Imaginei todos os velhos e solitários deste mundo fora a serem contaminados por ela e a criarem a ilusão de que, de uma forma distorcida, a televisão lhes devolve os momentos que deixaram parados nos ponteiros do relógio.
Naveguei nessas ondas sem fim da internet e vi todos os sentimentos e valores trocados: amizade por palavras de remissa, amor por pornografia, cultura por chouriços de encher saco e infancia por bonecos capitalistas.
Li livros que pediam a atenção e carinho que uma editora se limitou a colocar no mercado em troca de lucro.
Escrevi o mundo e ninguém me leu. Chorei as lágrimas que ninguém entende. Amaldiçoei as letras e palavras por não as saber conter cá dentro e no entanto, quando libertas, terem o sabor amargo de quem sente velhos e pesados os anos.
Pela tarde estive com um amigo sábio, um domador do tempo e dos meandros da vida e o que ele me disse, no alto da sua sabedoria foi: A vida é uma mentira. E eu acreditei.
Acreditei porque em boa verdade, nada nem ninguém até hoje foi capaz de me mostrar o contrário.
Por isso acredito e afirmo com veemência que este não é o mundo onde eu quero viver, porque o amigo mais sábio que tenho me disse que a vida era uma mentira.
E é, senão eu não estaria aqui a escrever sobre ela, mas sim sobre o amor, a amizade e o respeito.
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Não será que parte de nós, fazer algo diferente para que, possamos querer estar neste mundo????
ResponderEliminarAbraço-te
Não deveremos trabalhar sempre, todos os dias um bocadinho com mais afinco, para que possamos escapar deste mundo através da sua transformação?
ResponderEliminarEscrevo-te* :)