"Os amigos juntam-se e falam do passado,
da música que já não se ouve na rádio,
do Inverno em que choveu meses a fio
e o rio saiu das margens para desenhar
nos troncos das árvores os circulos imperfeitos
da idade. Eles sabem para si mesmos que falam
do que nunca existiu: das mulheres
que se renderam para sempre às palavras do amor,
das perdizes caindo de asa nas encostas
iluminadas da urze, das corridas memoráveis
do vinte e cinco de abril, das tardes de domingo
que haveriam de envergonhar a uefa
se a televisão estivesse presente nas finais dos torneios
dos bombeiros voluntários. È disso que os amigos
falam: do que a vida poderia ter sido
se não fosse a filha da puta de vida que foi."
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