Ès um mal agradecido. Odeio-te. Tenho-te raiva. Tenho-te abandono, nojo e morte. E poeira e vidros partidos.
Ès um mal agradecido, já disse.
Andei de esfregona e vassoura na mão durante meses, a limpar, a esfregar, a aspirar todos os cantinhos e tu assentas arraial e só fazes bagunça, lixeira e basqueiro.
Comprei móveis novos, um sofá caríssimo para que te sentisses confortável.
Enchi o frigorífico e a dispensa, para que nada te faltasse.
Deitei fora cartas, diários e um número incontável de memórias, para que não te sentisses ameaçado, para que soubesses que este espaço agora era teu, que nele cabiamos os dois e mais ninguém.
Andaste a teu bel prazer por todas as divisões, não fechei nenhuma à chave, para que soubesses que não te escondia absolutamente nada.
Disse-te onde podias encontrar tudo, desde o papel higiénico ao saca-rolhas, para que te sentisses realmente em casa.
Ès um mal agradecido idiota, pedante, estupido, insensível e ridiculamente bonito. Raios te partam, és mesmo bonito.
Agora ando às voltas com o coração em papas, não há esfregona nem vassoura que me valham porque de ti não sei como me esvaziar nem limpar.
Já disse e repito as vezes que forem precisas até que entendas aquilo que eu quero dizer quando te digo que és, sem duvida alguma, um mal agradecido.
Bolas, até dum tema banal fazes uma melodia poética... ;)
ResponderEliminaroh! muito obrigada minha querida! :) e não de coisas banais que é feita a vida? *
ResponderEliminar:) Sim, sim, é! Eu é que tenho a (infeliz?) tendência a juntar outras mais complexas à minha... ;)
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