19 junho 2012

A maior mentira da civilização

- Vou amar-te para sempre.

dizias, e o teu rosto tinha luz.

Mas o amor a não ser uma promessa. Quando me juravas amar para sempre eu sorria, quase feliz, mas haviam sombras, incredulidade, a maior mentira da civilização.

O amor não se promete, meu querido. Não se pode prometer algo que não sabemos conseguir cumprir. E isso é justo, é certo, é bonito. O amor dura apenas o tempo que lhe for possível durar, quando se o garante ele deixa de existir, porque a sua forma mais pura tem alicerces na verdade, na honestidade, e a afirmação de que ele vai durar para sempre é em si própria já uma mentira.

Seria da maior ternura e lealdade teres-me dito que me ias amar enquanto eu te fosse real, notável e especial, e isto eu saberia respeitar, e amar-te-ia mais ainda, se fosse possível.

Se fôssemos como a maioria das criaturas o nosso amor duraria uns meses, e que ninguém duvidasse da sua intensidade, porque ela seria genuína e autentica, embora transitória e fugaz. Se nos tivéssemos realmente dentro do peito um do outro, estaríamos um para o outro durante alguns anos, depois a vida acontecia e nós teimávamos em não querer sequer saber aquilo que nós tínhamos acontecido à vida. Separávamo-nos com um beijo e um até já. Na melhor das hipóteses, se nos amássemos verdadeiramente, seria a morte a levar o nosso amor para outros campos. De qualquer forma, como vês e tão bem sabes, o amor tem sempre um fim. Não é eterno nem imperecível. É débil e frágil. E só tem importância pela sua fraqueza.

Se o amor fosse uma promessa, de que magia seria feito?

Só o amor que não sabe o que é o amor pode ser amor real, completo.

De ti, meu querido, não quero promessas de amor eterno. Só quero a tua garantia de verdade e honestidade. Se novamente te ouço

- Vou amar-te para sempre.

Então despeço-me com um beijo, ausento de mim a tua vida, e dentro só desilusão, decepção e mentira, porque quem ama não mente e tu terás acabado de me enganar com a maior mentira da história da civilização.

3 comentários:

  1. Lindo texto!

    Nada é para sempre!

    Beijos

    Leila

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  2. Mais uma vez o meu muito obrigada pelas suas palavras Leila. Espero que continue a deixar a sua marca neste meu cantinho, poucas coisas existem tão boas como o reconhecimento pelo nosso trabalho.

    Beijos*

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  3. Muito bom, jovem. Como se não fossem bastante as promessas vagas que nós mesmos nos fazemos, as ilusões vindas de terceiros também nos despencam... E nada mais ilusório que o amor. Certa vez li que homem algum passa duas vezes sobre o mesmo rio pois quando ele retorna o rio já é outro - as águas passaram. Mas acrescento que ele mesmo, quando retorna, já é outro bem diferente do que foi... E este outro já pode muito bem não estar mais apaixonado.

    Parabéns pelo texto, adoro pessoas que me inspiram a escrever!

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